segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Fim-de-semana


Requiem for a Dream. O título em português deste filme não podia ser mais estúpido: A vida não é um sonho. Já a qualidade do mesmo é extraordinária. Uma obra-prima, de 2000, realizada por Darren Aronofski, que só agora tive a oportunidade de ver. Garanto que não se vão arrepender da tareia que vão levar.

Nunca um engarrafamento me soube tão bem! Méééééééé...


Perfeita sintonia das minhas meninas/sobrinhas Beatriz (à esquerda) e Matilde na festa do segundo aniversário da pequenita.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Noves fora nada


Quatro Magníficos assistiram esta semana à ante-estreia do musical Nove, de Rob Marshall, no Freeport de Alcochete. O filme não deslumbrou (Chicago é superior) e creio que, apesar de alguns bons momentos protagonizados por Daniel Day-Lewis, Penélope Cruz e, sobretudo, pela francesa Marion Cotillard, não é merecedor de estar entre os candidatos ao Oscar de melhor filme, que serão anunciados a 2 de Fevereiro.
Antes do visionamento do filme - aproveitando tudo a que tínhamos direito - fomos as estrelas maiores de um cocktail, com paletes de sushi, em que estiveram presentes algumas figuras públicas da nossa praça. Ficámos encandeados de ver tanto flash por metro quadrado! O magnetismo do quarteto devia ser insuportável para os fotógrafos de serviço e para as vedetas do burgo. Não é que vinham todos pousar ao nosso lado! Ninguém se surpreenda se nos vir nas páginas de uma qualquer revista cor de rosa. Qual Rita Pereira, qual Maria João Bastos, qual Rita "Playboy" Mendes!



Menos de 24 horas depois, ainda não refeitos de tanta "flashada", os mesmos protagonistas foram ao minimalista e acolhedor Teatro de Bolso assistir à 111.ª produção do Teatro de Animação de Setúbal (TAS): A Lenda da Moura Encantada, adaptada e encenada por Fernando Gomes.
O musical - sim, é um musical - conta uma história de tradição popular, passada em Setúbal, junto à Porta do Sol, perto do Miradouro, no século XIV. Segundo a lenda, uma bela moura, que vivia nessa zona com a família, porque se apaixonou por um pescador, foi encantada pelo seu pai, que a encerrou, declarando que a filha só tornaria a ser vista quando no mundo acabasse a miséria e a inveja.
Ao contrário do que se possa pensar, não se trata de uma tragédia ao estilo de Romeu e Julieta nem do Amor de Perdição entre Simão e Teresa. As duas horas passam num ápice, a diversão é garantida e as piscadelas de olho a todos os que estão familiarizados com o universo setubalense não nos deixam indiferentes. A dimensão do sala de teatro - não cabe num bolso comum, mas quase caberia no de Gulliver - permite-nos observar todos os detalhes, cruzarmos olhares permanentemente com os protagonistas, rirmo-nos juntos e semearmos cumplicidade de forma pouco usual.
Célia David, Isabel Ganilho, Maria Simões, Maria Sobral, Sónia Martins, Susana Brito, Duarte Victor, José Nobre e Miguel Assis são os nove actores que trabalham em palco que nem mouros.
A direcção vocal do espectáculo é de Nuno Batalha, a coreografia de Luís Sousa, composição e arranjos musicais de Quim Tó, cenografia de Luís Valido e figurinos de Zé Nova.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lost in translation

Na hora de dar títulos aos filmes que estreiam nas salas de cinema os responsáveis pela tarefa revelam uma imaginação extraordinária. O talento é fértil não apenas por cá, mas também no outro lado do Atlântico. Organizados em quatro categorias, vejamos alguns exemplos:

Venha o diabo e escolha

Million Dollar Baby (título original)
Sonhos vencidos (Portugal)
Menina de ouro (Brasil)

Lost in translation (título original)
O amor é um lugar estranho (Portugal)
Encontros e desencontros (Brasil)

The French connection (título original)
Os Incorruptíveis Contra a Droga (Portugal)
Operação França (Brasil)


Eu quero ser brasileiro

Little Miss Sunshine (título original)
Uma família à beira de um ataque de nervos (Portugal)
Pequena Miss Sunshine (Brasil)


Afinal, já não quero ser brasileiro

The Godfather (título original)
O Padrinho (Portugal)
O poderoso chefão (Brasil)

The sound of music (título original)
Música no Coração (Portugal)
A Noviça Rebelde (Brasil)


Pior a emenda que o soneto

Sideways (título original)
Sideways (Portugal)
Entre umas e outras (Brasil)

Mystic River (título original)
Mystic River (Portugal)
Sobre meninos e lobos (Brasil)

Moulin Rouge (título original)
Moulin Rouge (Portugal)
Amor em vermelho (Brasil)

Traffic (título original)
Ninguém sai ileso (Portugal)
Traffic (Brasil)

Jerry Maguire (título original)
Jerry Maguire (Portugal)
A grande virada (Brasil)

Annie Hall (título original)
Annie Hall (Portugal)
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Brasil)

Incrível, não é?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Invictus


Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.


Autor: William Ernest Henley (1849-1903)

Nota - Poema que inspirou Nelson Mandela nos 27 anos de encarceramento antes de se tornar presidente da África do Sul.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010


Não, não vos vou anunciar uma prequela de "2012", filme catástrofe (a evitar) de Roland Emmerich. 2010 é o novo ano e, para não destoar dos anteriores, é momento de renovar desejos, perseguir novas e velhas aspirações e lutar pelos sonhos que acalentamos.
Há já quem faça planos para o próximo Natal e quem anuncie resoluções (que quase sempre não surtem efeito). Outros, como há dias ouvi, anseiam apenas pela chegada do Mundial de futebol...
Com o avançar da idade, naturalmente, amadurecemos. Constatamos que os mais velhos, que antes criticávamos e cujas prioridades não compreendíamos, tinham muitas vezes a razão do seu lado.
Na hora de formular desejos - mesmo sem comer passas - a Saúde é rainha e princesa em simultâneo. Só partindo daí todos os outros sonhos poderão concretizar-se e fazer sentido. O contrasenso entre formular desejos e a época natalícia é evidente, uma vez que nas semanas antes e depois do arranque do ano os abusos são mais do que muitos e os maus tratos infligidos à preciosa Saudinha são aterradores.
Sonhos, filhózes, bolos rei, troncos, torta de laranja, lampreia, fatias douradas, arroz doce, bolo de côco e sericaia foram apenas (!) algumas das doces tentações com que me cruzei nas casas de familiares mais próximos que frequentei.
Além da doçaria há todo um admirável mundo de pratos principais: bacalhau, peru recheado e cataplana de peixe. Antes houve patés, queijos e um sem fim de iguarias que servem apenas para aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e de subir perigosamente os níveis de colestrol. Já deu para ver o filme! Anda uma pessoa 350 dias no ano a comer sopinha de legumes às refeições, a não beber refrigerantes e a não abusar dos doces para, nos restantes 15 dias, borrar a pintura por completo.
Noutros casos, apesar de não me incluir nesta categoria, junte-se o stress da correria às lojas nos dias e horas que antecedem o dia 25 para adquirir as prendas de última hora e decidir o que oferecer e a quem.
Ouvi há dias que as emoções do reencontro das famílias ajuda a explicar o aumento do número de vítimas de enfartes e doenças afins neste período. Ou muito me engano ou esta não será a única razão existente para explicar as fatalidades.
Aproveito para desejar a todos os amigos, colegas, curiosos e perdidos que por aqui passem um 2010 com muita saúde. Como diz o anúncio: «Podíamos viver sem saúde? Podíamos, mas não era a mesma coisa!»